sábado, 18 de abril de 2009

fantasia

fantasia (poesia infantil) - 1987
para thiago e camila
meus filhos










o nome não interessa
a idade não vem ao caso
pois quando se é criança
o coração é bem largo
que nem canteiro curtido
pra semente preparado
disposto pra plantação

e foi assim de repente
de modo desavisado
que a poesia plantou
com toques de encantado
no coração do menino
que só vivia trancado
miúdo no apartamento

e tudo aflorou fluiu
de modo inesperado
no coração do menino
que vivia bitolado
mal sabendo das coisas
que têm de muito um bocado
de encanto pra tanta vida

mal a manhã acordava
bocejando a sua cor
o menino já tramava
por detrás do horizonte
que fica ali bem de frente
do apartamento trancado
uma pitada de sol

invertendo o bocejo
que vem da boca cansado
vestiu-se todo de um vento
que anda sempre molhado
e saiu soprando de leve

uma saudade danada
das montanhas que havia
encheu encharcou de terra
pra tanto espaço vazio
sei coração ondulado

e o filete miudo
de água tão limitado
empapuçou-se de encanto
jorrou molhou pelos lados
tanta terra ressentida

e o que era tão seco
pelos olhos modulado
vestiu-se todo de um verde
de matas pelo lembrado

e se atirando de manso
pelo caminho alargado
que tem de água o profundo
aprontou ondas

estendendo um tapete
de tanta areia tão largo
que se perdia de vista
por gosto do contornado
teceu praia

com tanta coisa bonita
pintando assim à vontade
no coração do menino
pela greta do vidro
do basculante quebrado
ensaiou ser passarinho
da gaiola libertado

e se atirou pelo onde
no mundo do faz de conta
vestidas todas de branco
as nuvens têm aprontado
as brincadeiras de sempre
fazendo arruaça no céu

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