para thiago e camila
meus filhos

minha estória é breve
feito sopro de vento ralo
rabiscando na leveza
do fundo do coração
e começo por onde
sem vocação pra gaiola
destino de passarinho
só se ajeita no céu
amarelo que nem sol
houve um dia um passarinho
trancado numa gaiola
sem vontade pra cantar
como prender passarinho
numa cadeia gaiola
se passarinho é uma coisa
e outra coisa é gaiola
gaiola tecida de arame
tem grades pra só trancar
passarinho vestido de penas
traz asas pra só voar
um passarinho é um passarinho
uma gaiola é uma gaiola
lentas rolavam as horas
acumulando semanas
e o tempo só marcando
sem passarinho cantar
quando um dia
(pouco importa)
espiando o despertar
lá na linha do horizonte
o dono do passarinho
triste assim por estar
miudo e de bico calado
que nem tal o passarinho
espiou em volta e viu
seu destino se igualar
ao destino passarinho
que traz asas pra voar
apartamento gaiola
diferença já não há
entre um destino e outro
que têm grades pra trancar
a mão não mediu o gesto
nem vacilou intenção
escancarou-se a gaiola
pr'uma nova dimensão
e tudo alargou... foi grande
coração gaiola janela
ruflaram asas no vento
cheirando gosto de ar
e do passarinho ficou
pra gente sempre lembrar
as grades enferrujadas
de uma gaiola vazia
Nenhum comentário:
Postar um comentário