sábado, 18 de abril de 2009

uma estória sem nome

uma estória sem nome - poesia infantil - 1988
para o thiago e camila - meus filhos
e também para osíris, filho do joão carlos cavalcanti





um dia um HOMEM BITELO
cansado de ser GENTE GRANDE

se inventou de menino:

desfez o nó da gravata
e atirou longe a camisa

tirou suas calças compridas
e cortou a perna das calças

pegou do barbante um pedaço
e fez dele suspensório

pegou do jornal uma folha
e dela fez um chapéu

pegou da vassoura o cabo
e dele fez um cavalo

e com a colher da cozinha
fez uma espada bonita

a MULHER que é GENTE GRANDE
vendo o marido menino
com os olhos esbugulhados
foi logo chamar o VIZINHO

o VIZINHO que é GENTE GRANDE
e que não tem papa na língua
vendo o vizinho menino
pôs a boca no trombone

e a cidade todinha
começou a comentar
"como pode GENTE GRANDE
em menino se tornar?"

"como é que isso pode
nesse mundo acontecer?"
ninguém mais trabalhava
todos querendo saber

então entre os GRANDES
um que era mais MANDÃO
teve a brilhante idéia
de fazer reunião

e falaram que falaram
até a garganta secar
mas o mistério mesmo
ninguém pôde desvendar

quando o cansaço a todos
começa a dominar
um menino entre os GRANDES
teve sua vez de falar

e disse pra todos os GRANDES
que ficaram a escutar:
"a coisa mais gostosa
desse mundo é brincar"

"GENTE GRANDE
é bicho bobo
só PENSA em
PODER MANDAR

será que GENTE
GRANDE nunca
se inventou
de brincar?"

"e porque que eles os GRANDES
pelo menos uma vez
não brincavam de criança
como o OUTRO GRANDE fez?"

"assim eles ficariam sabendo
todo o mistério de vez
e o que aconteceu com o GRANDE
que em criança se fez"

todos ficaram pensando
após o menino falar
e com o rabo entre as pernas
cada um foi pro seu LAR

no outro dia cedinho
dava gosto de espiar
cada grandão vestido
de CRIANÇA pra brincar

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