segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

EXPERIÊNCIAS EMPRESARIAIS NO BRASIL - O CONCEITO DE DIVERSIDADE DA MONSANTO

EXPERIÊNCIAS EMPRESARIAIS NO BRASIL -
O CONCEITO DE DIVERSIDADE DA MONSANTO.


ALVARENGA, Berenício Lucas


Observamos que quando Felipe Vasquez (citado em BENTO, 2001), aborda a diversidade como fator de produtividade para os negócios, na empresa Monsanto, essa diversidade tem uma razão social, associada à diversificação de pensamentos.
É evidente que uma variedade de pessoas e culturas, em muito ajuda nas soluções dos problemas enfrentados pela empresa. E os problemas enfrentados, hoje, por uma empresa, são por demais complexos, tendo em vista a complexidade do mundo, cada vez mais globalizante.
A unanimidade é “burra”, porque as pessoas pensam, sentem, agem e reagem de uma mesma forma. Desconhecem a pluraridade e as diferenças. Nessa situação, a mesmice toma conta de tudo e de todos e os clichês sobrepõem-se à criatividade e ao novo. Assim, o batido da lata é o mesmo e a polifonia das idéias se perde. A solução dos problemas é sempre a mesma. Falta a criatividade.
Para o autor do texto (citado em BENTO, 2001), só a convergência é capaz de criar condições de independência e de liberdade de pensamento. Dessa forma, as alternativas se alargam e acontece um enriquecimento de soluções mais perfeitas e esperadas.
Na empresa Monsanto, são trabalhados dois conceitos de diversidade: a ampla e a específica. A diversidade ampla valoriza as experiências de cada um, sua educação, competências e bagagens culturais. Essa valorização amplia, de maneira criativa, a possibilidade de solucionar os problemas dos desafios de negócios. Pessoas com “background” diferente, em muito, têm a acrescentar a uma empresa, ou seja, vêem com “olhos novos” o que os outros da empresa, ainda, não conseguiram ver.
Na opinião Vasquez (citado em BENTO, 2001), o grande desafio da Monsanto é a diversidade específica, como o caso das mulheres e afrodescendentes, ou mesmo pessoa de diferentes etnias, idades e nacionalidades. Essas pessoas, ainda, não conseguiram quebrar o teto de vidro, ou padrões impostos pelo sistema. Tanto isso é verdade que cargos de liderança, raramente, são assumidos pelas mulheres e/ou negros.
Segundo o autor citado, através do processo de avaliação estratégica da organização e de pessoas, a empresa avalia toda a parte de pessoal, portanto avalia a diversidade. Isso é feito a partir de um objetivo, concreto e não conceitual. O recrutamento é feito por áreas e pelo processo de contratação, obedecendo a um plano de metas, estratégia que dá consistência para que as coisas, na empresa, possam acontecer (pg. 164).



Programa de apoio a Afro-Brasileiros

A implantação deste programa, aqui no Brasil (1994/19950), que visava dar apoio integral a estudantes afro-brasileiros na universidade, não deu certo. As universidades apresentavam nível e qualidade duvidosos. Os alunos com poucos recursos não tinham condição de concorrer com os alunos preparados nas melhores escolas. Para acabar com esse ciclo vicioso, faz-se necessário o apoio das empresas e da sociedade.
Diante disso, estabeleceu-se os princípios do programa: foram selecionados alguns estudantes afro-brasileiros que já estavam na universidade, sem condições de pagar as prestações. Nisso entrou a Monsanto: dar apoio a esses estudantes (livro, transporte, refeição) com o objetivo de formar alunos afrobrasileiros de nível superior.
Um dos fatores críticos no sucesso desse programa foi a seleção dos sujeitos envolvidos, porque, muitas vezes, faltava nesses estudantes atitudes e compromissos, exigências pontuais do acordo das partes.
O acompanhamento do programa garantiu atitudes desses estudantes; criou compromissos, criou interesse. Isso assegurou o desempenho deles na escola, de maneira superior ao desempenho que habitualmente tinham.
Investir na diversidade aumenta a produtividade, que não é só uma questão social é, também, de negócio, um viés capitalista da questão. Agindo dessa forma, as empresas precisam compreender que a diversidade melhora os resultados, desenvolve o pensamento e promove ganhos reais: lucro, lógica do capital.
As empresas que desejam permanecer no mercado têm que investir no social, no desenvolvimento de pessoas e atividades comunitárias. A empresa que não investir nesses segmentos está fadada a desaparecer, pelo baixo resultado. As pessoas tornam-se o bem maior das empresas.
Observamos, que, o sucesso desse programa da Monsanto deve-se à esperança de criar um mundo melhor, de trabalhar pela sociedade e pelo desenvolvimento.

Referência:
BENTO, M.S.A.- Inclusão no Trabalho: Desafios e Perspectivas São Paulo. Casa do Psicólogo, 2001.

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