pra eunice

primeira
(algumas considerações sobre o amor)
como pode amor dar certo
se ele insiste no contrário
e arma a sua trama
de maneira inesperda
quando tudo se ajeita
na esperança de dar certo
o amor com seus caprichos
(só) nos deixa descobertos
e assim sempre na vida
o amor e seus desencontros
arma suas armadilhas
e nos põe a sós num canto
e em meio a tudo isso
só nos resta esperar
que um dia o amor por si
possa ao menos nos poupar
segunda
(gerundiano)
quem temendo o amor
está sempre se resguardando
como uma aranha tecendo
seu fio vai se armando
aos poucos vai erguendo
uma teia sem tamanho
em que se perdendo
nela vai se encontrando
e o amor entrelaçando fios
aos poucos vai enredando
aquele que temendo o amor
nele acaba se enlaçando
terceira
(as artimanhas do amor)
o amor com sua teia
vai tecendo armadilhas
e enlaça as pessoas
que pessoa não é ilha
com seu fio delicado
o amor arma sua rede
e quando menos esperamos
sutilmente ele nos prende
e rendidos nos encontramos
na trama traçada do amor
que o amor nunca concede
seja onde e como for
quarta
(sobre o amor)
somos tomados pelo amor
e o amor nos toma de vez
sendo alvo desse amor
desse amor somos fregueses
em sendo pacientes do amor
com esse amor somos corteses
e agindo sobre nós
tece sua insensatez
bem dito seja esse amor
que nos faz sempre seu alvo
e nos acertando em cheio
sempre deixa seu estrago
quinta
(sobre o amor - 2)
o que nos resta
na vida senão amar
se não amamos
onde vamos chegar
não se amando
como vamos ficar
e pela vida afora
pelejamos em amar
que o amor é um desafio
que devemos enfrentar
se não amamos
(só) vamos nos lascar
sexta
(amor e ternura)
não vou falar de amor
vou falar de ternura
amor tem gosto de posse
ternura não tem gula
pra que falar de amor
ternura tem mais pra dar
amor às vezes prende
ternura tem cheiro de ar
quando falamos de amor
e não falamos de ternura
valorizamos o que é breve
e desdenhamos o que dura
................ pra sempre...
sétima
(será sonho?)
acordo com você
(atravessada)
na garganta
e não digo nada
é que meu coração
acostumado
com a solidão
das coisas
apenas aceita
e sua imagem
rompe a noite
feito um fantasma
cantarolando coisas
oitava
(a ausência do amor)
a ausência do amor
é um imenso vazio
assim como o rio
(sem margem)
nunca será um rio
a ausência do amor
é um tormento fatal
assim como um jardim
(sem flor)
nunca será um jardim
a ausência do amor
é um tanto crucial
assim como um céu
(sem estrelas)
nunca será um céu
a presença do amor
(sem margem)
(sem flor)
(sem estrelas)
assim como o rio
assim como o jardim
assim como o céu
é um imenso vazio
é um tormento fatal
é um tanto crucial
nona
(a presença do amor)
o amor quando
(está presente)
a vida muda de vista
o que era feio
nos aparece sempre
outro ponto de olho
o amor quando
(presente está)
a vida muda de lida
o que não era
percebido será
foco da nossa vista
quando o amor (enraizado está)
não há nada
que não se invente
pra ele perdurar
canção reavaliada
o desencontro do amor
nunca é programado
que em tecendo o amor
nele acabamos enlaçados
o amor com sua teia
sutilmente nos enlaça
somos tomados pelo amor
dele somos sempre alvo
e o que nos resta na vida
a não ser dele escravo
quando falamos de amor
esse assunto se torna parvo
e quando sonho com você
com a solidão me deparo
e estando o amor ausente
esse se torna raro
que a presença desse amor
só nos provoca estragos
Nenhum comentário:
Postar um comentário