pra berta goifman

1.
essa dor só me pertence
mesmo me vindo de fora
se vou à luta confesso
meu canto é pura desforra
desentranhada do tempo
essa dor aqui se aflora
pra tantos doídos eventos
esfolo o que me viola
e rememorando confesso
toda via muito embora
a chibata lá de longe
antiga no tempo vigora
com seu ruído cravado
mordendo no coração
2.
marulhando nos ouvidos
a todo segundo se engorda
a minha varsóvia ferida
barulhando vindo - aflora
entornando caldo grosso
do que ainda se sobra
de tantas vidas doídas
escalavrando por dentro
3.
sinto um cheiro de fuzil
fedendo no ar confesso
se teço meu canto: é briga
mão emprestada eu peço
boto fé no meu irmão
homem em tudo explorado
aguardando um amanhã
de liberdade aprontada
que nem varsóvia ferida
que nem varsóvia citada
varsóvia é todo lugar
inclusive esta nação
4.
se a gente espia mais perto
o que anda acontecendo
o que se fez em varsóvia
aqui se anda fazendo
e nos calabouços calados
muita gente vem sofrendo
e por farejar liberdade
varsóvia só ficou sendo
que nem o povo hoje em dia
naquilo que anda fazendo
tece o seu canto de luta
vestido de amanhecer
5.
quem rói no tempo é só rato
liberdade se traça co'as mãos
atando braço com braço
só mais cresce o mutirão
de um povo só voltado
naquilo que é sua intenção
aflorando dos esgotos
respirando a plantação
de uma semente plantada
com cheiro de amanhecer
6.
de medo se fez o tecido
da varsóvia torturada
deu-se lugar ao fuzil
onde canto havia estado
lacrou-se toda esperança
que nem aqui traz traçado
estampada de tristeza
doendo no peito
7.
se hoje o canto anda curto
na nossa boca empoçado
murmurando em varsóvia
pelos guetos esfolados
o homem teceu seu grito
de repente assim cantado
e outros ouvidos que ouviram
decoraram e só cantaram
cada vez mais pela vida
justiça e libertação
Bere,esta lembrança só me traz emoções e muitas recordações de um tempo que não volta mais,mas também não será esquecido.
ResponderExcluirsaudades da amiga BERTA.