pra berta goifman

em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
do forno eu trago as cinzas
dos meus irmãos trucidados
transportados que nem gado
pelos trilhos do pavor
em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
trago cravado no peito
as mortalhas do porão
de gente morrendo muda
que nem moscas pelo chão
em mim o tempo faz contas
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
trago entrenhados na pele
os vergões que em mim se farta
feito escravo atado ao eito
gemendo ao som da chibata
em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
esse fardo em mim pesando
carreguei foi muito tempo
feito burro de carga jumento
trotando a minha dor
em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
mas chega um tempo
que a mesma voz que cala
que silencia entretanto
pode entoar um canto
e despertar liberdade
em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
e se a vida se ata ao peito
por direito e justiça
um homem é sempre um homem
e deixa de ser carniça
em mim o tempo faz conta
e o pssado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
e se o punho se alevanta
num gesto de pura defesa
servido se encontra na mesa
o direito de lutar
em mim o tempo faz conta
e o passado é tão dor
que de doído carrego
essa lembrança onde eu for
em mim varsóvia faz conta
que esse passado é lição
que a liberdade se faz
atando mão com irmão
Berê: mandei um e-mail agradecendo a poesia que encontrei na internet que vc. me dedicou. Você recebeu a mensagem? Por enquanto estou usando o endereço de minha amiga Lelena:
ResponderExcluirmhmattamachado@gmail.com
Abraços e saudades:
Berta