sábado, 16 de maio de 2009

norDESTINO

norDESTINO (poesia) - 1975

......................... norDESTINO

......................... o sol
.................................. a sola
............................................ o solo
..................................... o sol
..................................... o solo
..................................... a sola
Análise do Poema
1. Estudo vocabular.

. Nordestino adj. 1. Do nordeste brasileiro.
2. Bras. O natural ou habitante dessa região.

. Sola sf. 1. Couro curtido de boi, para calçado, etc.
2. Parte do calçado que assenta no chão; solado.
3. A planta do pé. 4. O próprio nordestino queimado
pelo sol.

. Assolar (arrasar) Lançar por terra, derrubar.
Destruir, devastar. Humilhar, vexar. Abalar, abater
moral e fisicamente. Arruinar.

. Êxodo sm. Emigração, saída.

. Seca sf. Falta de chuvas; estiagem.

. Retirante. Bras. Sertanejo nordestino que emigra,
fugindo à seca.

. Destino sm. 1, Sucessão de fatos que podem ou não
ocorrer, e que constituem a vida do homem, considerados
como resultantes de causas independentes de sua vontade;
sorte, fado. 2. O futuro. 3. Aplicação, emprego. 4. Lugar
aonde se dirige alguém ou algo; direção.

............ Intencionalmente, tivemos a preocupação de alterar
as letras do título do poema, para destacarmos a palavra
destino (o que inevitavelmente acontece ou irá acontecer,
independente da vontade do homem). O nordestino, pela sua
simplicidade, acredita que a seca é uma vontade de Deus.
Na sua lerda ignorância, desconhece que a seca é uma indústria
que beneficia politicos, que fazem do nordeste um curral eleitoreiro.
............ Basicamente, usamos no poema duas classes de palavras:
os artigos definidos (a, o) e os substantivos (sol, sola, solo).
............ A projeção visual da primeira estrofe indica o deslocamento
do nordestino do interior para o litoral.

......................... o sol
.................................. a sola
............................................ o solo
............ A sola, no poema, nada mais é do que o próprio nordestino
fugindo da seca, para encontrar melhores condições de vida no
litoral (êxodo rural). Veja: Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado; Vidas
Secas de Graciliano Ramos.

............ O jogo fônico estabelecido em a sola, nos remete ao verbo
assolar: Lançar por terra, derrubar. Destruir, devastar.
Humilhar, vexar. Abalar, abater moral e fisicamente. Arruinar.
............ Na verdade, quando o nordestino foge da seca, ele está
humilhado, abatido moral e fisicamente.

............ Tivemos o propósito de colocar a palavra sola (nordestino),
na primeira estrofe, entre o sol e o solo, para indicar a fuga do
homem, durante o período da seca.

............ Já na segunda estrofe, a palavra sola está sob o sol e o solo,
para indicar a morte do nordestino. Morte não só no sentido físico,
mas morte em seus aspectos plenos: social, moral, ético, etc.
Quando o nordestino vem para o litoral, ele se torna um pau de
arara, cabeça chata, mendigo, e outros mais adjetivos que depõem
contra a sua imagem.
............ Basicamente, o poema tem um eixo de composição que justifica
o texto: a palavra sol (causador do problema geo-politico - economico e social).
Vejamos:

......................... o
.................................. a sola
............................................ o solo


.......................... o sol
.......................... o solo
.......................... a sola

............ Retirada a palavra sol, o poema perde a sua razão de ser e se
torna um vazio de letras que não dizem nada. Colocada a palavra sol
neste vazio, o poema se recompõe e passa a ter significação.

......................... o sol
.................................. a sola
............................................ o solo
.......................... o sol
.......................... o solo
.......................... a sola

............ Para finalizarmos a análise, o poema usa poucas palavras,
ou seja, o poema é rarefeito, assim como a própria vegetação desta
região, constituída de caatingas, mandacarus, etc.
............ Coincidentemente, o poema se encaixa dentro das dimensões
do Mapa do Brasil.



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