sábado, 20 de junho de 2009

poesias em tempo de amor

poesias em tempo de amor
para o amore mio


cantar de amor

te canto porque me encantas
na tua forma tão variada
és feito estrada que nunca finda
é ponto certo sem ser chegada

te canto porque me ensinas
na tua forma tão renovada
és água fresca queimando a língua
és desencontro estando ao teu lado

te canto porque és linda - mulher
e no teu ventre pouso em morada
e enquanto o tempo inda me permite
te cantarei de forma apaixonada

falar de amor

"quando a gente ama
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora"
.......................... peninha

eu não sei falar de amor
meu olhar diz muito mais
eu sou feito um oceano
que com seu tecido plano
é profundo por demais

eu não sei falar de amor
te olhar mais me apraz
eu sou feito um arco-íris
que depois da chuva forte
no céu arma a sua trama

e espanta os vendavais

ausência do amor

se alguém souber do amor
que me indique o caminho
pra encontrar seja onde for
com ele só um pouquinho

quem souber seu paradeiro
me dê o seu endereço
qu'eu quero ser o primeiro
a sentir o seu apreço

se alguém me informar
será bem gratificado
já vasculhei céu e mar
sem nunca ter encontrado

o amor saiu sem rumo
nem deixou seu endereço
e sua ausência me dói
na garganta pelo avesso

ponto de partida
p.s.: em 8 de março de 1857, operárias da indústria
têxtil de nova york foram diretamente reprimidas
pela polícia, porque realizaram uma passeata
reivindicando a redução da jornada de trabalho para
12 horas.
o dia 8 de março tornou-se dia internacional da mulher.

o fio que teceste em nova iorque
mesmo sendo um fio reprimido
pelo tempo afora veio vindo
para servir de eco na história

em chiquinha gonzaga esses acordes
abriram alas alargou a travessia
das mulheres antes reprimidas
se impondo com coragem e ousadia

e as mulheres todas desse mundo
em leila dinis tiveram sua forra
nas conquistas que hoje são tão presentes
nestes tempos de "quem sabe faz a hora"

na sólida noite

quando na noite
o silêncio tece o seu fio
e o seu não estar
arremata minha solidão
eu me sinto
(sozinho sem saída)
dentro de um alçapão

e o tempo martelando
no vazio
ralenta os minutos
delonga as hora
e em meio a tudo isso
o que me sobra
é a sua ausência
de mulher que tanto amo

argamassa do amor

o amor é pedra bruta
que precisa ser moído
triturado com ternura
pra ser pó bem diluído
disposto pra construção

o amor feito cimento
molhado ganha textura
misturado mais se firma
com uma outra criatura
pra ser alicerce de vez

no coração dos amantes

sobre o amor

o amor é um punhal
escoaçando no vento
fere (profundo) macio
é doce no seu contento

quem pelo amor foi ferido
traz cicatrizes no peito
toma gosto pela coisa
e se entrega sem defesa

corpo de mulher

a tua pele clara
é minha estrela-guia

a tua boca gostosa
é fonte do meus anseios

o teu seio arredondado
é gula e puro pecado

o teu cabelo comprido
é rede onde m'embalo

as tuas coxas macias
é praia onde m'espraio

a tua bunda bonita
é colina onde passeio

e a tua entranha profunda
é gruta onde me perco

a amor se encontra dividido

o amor se encontra dividido
entre um e outro apartado
o novo já se encontr envelhecido
e a antigo se arroga de novato

o antigo pelo tempo corroído
se remoça no gesto em novo ato
o novo que pelo tempo anda indo
se envelhece e dá mostra de cansaço

se no novo a brevidade se avizinha
se no antigo se pressente um novo laço
o amor em tudo repartido
fica só e se esquiva dos abraços

os sentidos do amor

o amor nunca se farta
é de uma gula sem par

é boca mais que sedenta
lábios prontos pra provar

é uma mão tateando
com desejo de encontrar

é um grito nos ouvidos
querendo nó desatar

é coisa que a visão
não consegue vislumbrar

é temporã primavera
cheiro solto pelo ar

algumas considerações em torno do amor
"uma coisa, senhora, por certo assele
que nunca amor se afina, nem se apura
enquanto está presente a causa dele."
.................................................... camões

era uma vez um homem
que (só) vivia trancado
na caverna do seu ser

de luz o que conhecia
era um facho limitado
que entrava pela frsta
do seu coração magoado

era uma vez uma mulher
que pelo seu jeito traçado
saltou fora da caverna

de luz o que conhecia
era um farto alargado
que transbordava do seu ser
do seu coração trabalhado

como tudo nessa vida
o destino tem tramado
o amor armou encontro

amor corporal
"amo-te como um bicho, simplesmente
de um amor sem mistério e sem virtude
com um desejo maciço e permanente".
..................................... vinícius de moraes

sentir a sua boca
atrelada em minha boca
sussurar nos seus ouvidos
de uma forma muito louca
palavras cheirando a pecado
com voz bastante rouca
de quem prestes a gozar
todo ausente de roupa
joga na sua entranha
pra que nela sempre repouse
o esperma do amor

corpo de mulher

eu quero o teu corpo
pelado
atado ao corpo meu
sentir tua pele nua
com desejo bem ateu

eu quero o teu seio
rosado
colocado em minha boca
sentir o bico do seio
de uma forma muito louca

eu quero tua boca
bonita
atada em minha boca
sentir de maneira molhada
tua boca em minha boca

eu quero a tua entranha
sedenta
me engolindo inteiro
sentir-me sendo comido
até pelo avesso

enredo

ela sem muita pressa
na janela do por vir
paginando pela fresta
da vida ( )

ele todo alvoroço
escancarado assim...
se entregando inteiro
sem muito não conseguir

mas o fio do amor
tecendo o seu cetim
paralisou os amantes
cada qual (...) os dois

por fim

a mulher namorável

possuir-me de amor
quem diria (eu)
que pelo anos
fiquei (só) no meu calado
feito gato escaldado
que da água fria
mais que devia
se protege desse caldo

possuir-me de amor
não mais devia
que pela lida
eu já sei o resultado
o amor é um bilhete
já corrido
mais que perdido
que se amassa pelos lados

amor amigo

que a ausência do amado
tece na pele o seu veio
incendeia a carne toda
se inflama no ponta dos seios

essa demora tão tanta
produz calafrios no leito
e uma lerda esperança
se estrangula no peito

que por guerras o amor
por tanto foi apartado
separados na distância
mas no infinito atados

boa divina

na tua boca divina
sacio o meu todo pecado

e nos teus olhos de luar
feito um pirata náufrago

na tua pele macia
me espeto inteiro me rasgo

e nos teus cabelos compridos
me esforço que nem condenado

se és tão pura na vida
por atentas tão tanto
és feito uma colcha de espinho
machucando sempre brando

ausência

aos poucos à sua ausência
eu vou me acostumando
feito um corpo nu
que se apartando de panos
já não sente mais o frio
e na pelo não sofre danos

aos poucos a sua presença
já não está me importando
feito um resto de vulto
que vai se evaporando
e se esvai todinho
com cheiro forte de engano

ausência & presença
(duas faces de uma mesma moeda)

tua ausência
fio invisível
tecendo no vazio
tua presença

tua presença
reverso do possível
tramando no exato
tua ausência

ausência presença
fio reverso
tecendo tramando
invisível possível
no vazio no exato
presença ausência

o fio
o reverso
tecendo
tramando
ausência

no exato
no vazio
possível
invisível
presença

em tempo de adeus

percorremos os mesmos caminhos
tropeçamos nos mesmos atalhos
caímos juntos levantamos poeira
abrandamos lágrimas acariciamos calos

travamos boca contra boca
nos afogamos no osuor do amado
nos ensurdecemos em meio de sussurros
nos gozamos tombamos de lado

mas agora a conversa é outra:
desfez-se o nó que nos havia atado
que a corda do amor se encontra puída
e cada um vai seguir pro seu lado

(in)felizmente a verdade se revela
que mais não pode enganar o coração
que a distância estabbelece limites
e em meio a sobra resta solidão

coração alargado

seis anos pela vida
o coração alargado
investiu de alma e tudo
no coração limitado

e o coração limitado
de luz pouco sabido
resistiu sem saber
a tanto amor concedido

por tanto amor o amor
de alma todo ferido
arrumou a sua mala
e partiu todo partido

aí o coração limitado
por volta do acontecido
percebeu que sua vida
já não tinha mais sentido
sem o coração alargado

roca do amor

o amor e seus mistérios
com mil faces de segredo
é um fio esquisito
tramando pelo avesso

dos matizes mais diversos
é o tecido do amor
feito colcha de retalho
nos dispersos dá-se o tom

e a roca dessa vida
tecendo o seu arremesso
entrelaça os amantes
sem ter pressa e sem ter preço

guarde meu coração

guarde meu coração
do lado direito do peito
pra ver se eu consigo
espantar sua solidão

guarde meu coração
direito no peito de lado
pra ver se eu consigo
abrandar o seu magoado

guarde meu coração
no peito do lado direito
pra ver se eu consigo
arrancar do peito essa dor

o amor rompe fronteiras

o amor rompe fronteiras
nem adianta resistir
quanto mais ele é negado
mais se aviva o calo
mais se afirma a cicatriz

negar o amor é besteira
e não se pode disfarçar
este sentimento maluco
que no peito bate fundo
e põe a gente pra pensar

desencontro amoroso

o tempo lentamente
vai deixando
sua marca bem marcada
do amar:
enquanto um se desdobra
o outro recolhe
(no seu peito)
o direito de amar

e pelo tempo afora
vai se definindo
o desencontro dos dois
no seu gostar:
enquanto um (na retranca)
se defende todinho
o outro em vão
volta a atacar

salvo conduto

com o fio do tempo
vou tecendo esquecimento
arrumando minhas tralhas

em que céu voar
em que terreno pisar
em que mar me navegar
em que fogo me queimar
não sei

só sei que minha alma
cansada de tanta espera
solicita libertação

corro todos riscos

em tempo de adeus (II)

qualquer dia desse amor
eu vou me embora
que a solidão aos poucos
já me devora
e eu por mim (carente)
não quero ir a forra
nem mesmo nessa hora

e o qu'eu trago agora
(dentro do meu peito)
é um estranho jeito
de quem se olha
e sente um vazio tamanho
e já nem mais se importa
que a solidão se basta
atrás de uma porta

e quando eu sumir
da tua vida (exato)
já não terás no corpo
o toque do meu tato
seremos tão sozinhos
feitos de porcelana pratos
que empilhados frios
formam um triste retrato

o amor é uma águia
(este poema foi inspirado no livro de
leonardo boff: "a águia e a galinha")

o amor é uma águia
com olhar no infinito
não é feito uma galinha
que vive em espaço restrito

o amor não é uma galinha
e nem foi feito pro chão
o amor é uma águia
e traz outra dimensão

o amor não é de poleiro
amar é correr risco
por ser pulo no escuro
o amor é mais bonito

bendito seja o amor
que não vive de catar milho
o amor é uma águia
que no sol encontra brilho

a águia e a galinha II

seus olhos estão
fixados no chão
é nas alturas
que tem o coração

sem luz e sem sol
a águia não é águia:
os olhos são tudo
para uma águia

uma águia
não é uma galinha

uma águia
é sempre uma águia:
tem alturas (dentro de sí)
o sol habita seus olhos
o infinito dos espaços
......................... anima suas asas

a águia jamais será galinha

a águia é feita para a liberdade
e traz dentro de si
a dimensão do infinito:
ela é filha do sol

achados & perdidos

procura-se uma mulher
que tenha a postura de um cais
e no peito muitos "ais"
de barcos que já partiram

procura-se uma mulher
que tenha o mistério do mar
onde eu possa velejar
meu barco de fantasias

procura-se uma mulher
que tenha fogo na alma
a volúpia e a calma
das ondas se entregando

procura-se uma mulher
que se espraie feito areia
e que tenha da sereia
o feitio de encantar

procura-se uma mulher
que tenha do horizonte
uma linha infinita
que nunca vai se findar

procura-se uma mulher

essas mulheres

essa angústia gostosa
de amar todas as mulheres
é que me mantém vivo
nesse mundo de desilusões

em cada corpo
um mistério
em cada forma
a estrutura infinita
da beleza dimensionada

mulher:
expressão secular
momentânea
sucessiva
e diversa

na diversidade desse mundo
que nos corrói

Um comentário:

  1. Oi, hoje resolvi te visitar e matar a saudade...li, reli..lembrei...você continua uma pessoa especial...( adivinha quem sou eu!!!! Tchau... lembranças para Camila e Thiago... Horas-24:04
    Dia 13/11/2011

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