Beré Lucas

quando chega o carnaval
o c se reaviva
vira carro alegórico
pra sair na avenida
o a de pança cheia
se veste de rei momo
com seu cetro de vento
e sua coroa de pano
o b bom de batuque
comanda a bateria
e com seu bumbo maluco
bota fogo na avenida
deposto de seu posto
de mestre sala coitado
o d joga confete
e se sente isolado
empinando a cabeça
e sustentando pelos pés
o e dança na avenida
pra mostrar o que ele é
com o seu gesto elegante
o g com sua ginga
é da comissão de frente
pra abrir a fantasia
equilibrando seu tamborim
o i repica o picado
e exibe sua baqueta
de músico experimentado
no bloco da moleza
o m samba arrastado
empurrado pelo n
que não se aguenta coitado
do alto do seu comando
o l lança a visão
e sinaliza pra todos:
- cuidado com a comissão!
todo orgulhoso de si
o o em si não se basta
e enrolado em si mesmo
aproveita e tolo se farta
pra mostrar o que é samba
o p na ponta do pé
pula que nem cabrito
pois palmas é o que quer
com seu rabo de saia
sobrando pela avenida
o q dança imponente
desfilando sua vida
sozinho formando ala
o s segue tadinho
arrastando a sua calda
vai seguindo seu caminho
zureta com tanta zoeira
o z fica zoando
sai fora do ritmo
e fica mais que zangado
e enquanto a fanfarra
vai tomando conta de tudo
o f fulo da vida
troca o samba pelo pulo
- xega de tanta besteira
diz o x já xateado
e toma o lugar das outras
letras do mesmo compasso
vaidoso que só vendo
o v veste a sua camisa
e vai veloz pela pista
valorizando sua lida
todo cheio de si
o t com seu tambor
vai batendo feito tonto
seu instrumento onde for
já cansado da festança
o j jaz todo prostrado
prometendo que jamais
participará deste embalo
- por hoje basta de festa
o h no seu horror
ama a hora do desfile
todinho de se decompor
ruminando o seu remorso
o r se sente mal
por não ter participado
desse imenso carnaval
e todas as letras juntas
nesse imenso ritual
agradecem ao v
pelo belo carnaval
o k fora da festa ao y dá a mão
e juntos com w aplaudem
a festa dessa nação
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