para thiago e camila
meus filhos

gente grande
GENTE GRANDE
é bicho bobo
só PENSA em
PODER MANDAR
será que gente
grande nunca
se inventou
de brincar?
brinquedo demais
eu tenho
brinquedo demais
no meu coração
pra que os GRANDES
fiquem
o tempo todo
me cobrando
um dever
que nunca cumpriram
a primeira estrela
quando o sol
deita seus raios
atrás da montanha
eu fico esperando
a primeira estrela
pintar no céu
um desejo meu
relógio
os TIC-TACs do tempo
destruíram
meu TICinho de vida
TAC num aguento mais
sentimento improvisado
remendei
minha vida
com DUREX
recado
um bem-te-vi
cochichou
nos meus ouvidos
que a primavera
é o tempo mandando
um recado de flores
a respeito de bruxa
se a bruxa
não fosse tão boba
eu ia pedir
pra ela me emprestar
a sua vassoura
pra gente brincar
de cavalo-de-pau
calendário
hoje sol
amanhã lindo
segunda feia
terça indo
quarta alegre
quinta rindo
sexta parte
abrindo o céu
bola de gude
a birosca
s'enrosca
todinha
na mão
do menino
o TEC
faz TRAC
na certeza
do TOC
viveiro
papagaio praticava
piruetas no poleiro
o pavão todo pomposo
punha leque no traseiro
a arara tagarela
matracava fofoqueira
e a pomba rola enrolava
na garganta a sua voz
sem saber o que dizer
pato doido
Pato doido
Asa aberta
Todo senhor de si
Olhando assenhorado
O ovo da avestruz
Teimou que era dele
Avestruz brincando disse:
Pare de palhaçada pato
o ovo é do bem-te-vi
tartaruga
tartaruga
é bicho lerdo
lentidão contida
casco
curiosa e vagarosa
na sua roupinha
de cuia
panorama
uma formiga fazia festa
farfalhando entre folhas
um beija-flor bem bicudo
distribuía seus beijos
uma borboleta bonita
bailava por sobre as belas
e no vento azul do longe
o sol que nem papagaio
com rabiolas de raios
se empinava tão lindo
encantamento
coisa mais bonita de bela
é o céu beijando o mar
com seu colar de arco-íris
feito linha de bordar
quando as cores transbordando
da agulha do encantado
aprontam um tecido macio
e o vento espana a chuva
pra passarinho brincar
chicotinho queimado
uma cobra coral escorria
toda banhada em cores
escorregando escondida
espiando os arredores
feito criança que brinca
atenta aos pormenores
e o céu todo cismado
azul de tanto pensar
vasculhava na gaveta
das nuvens pra encontrar
as cores do arco-íris
que alguém pegou pra brincar
ele & ela
depois de brilhar tanto
durante o dia adoidado
o sol bastante cansado
recolhe atrás da montanha
o seu destino de raios
vestindo o seu vestido
de estrelas pontilhado
a noite de decotado
se enfeita com o broche
iluminado da lua
estrelinhas
"releitura do texto
de martha maria martins"
debruçado na muralha
do forte em frente ao mar
em noite de lua cheia
toda cheia de brilhar
no céu eu vi estrelinhas
pontilhando luz no ar
no mar eu vi as mesminhas
estrelas a balançar
são do céu estas estrelas
que pontilham luz no ar
e as que balançam na água
são as estrelas do mar
inverno
são pedro
de ano em ano
abre seu congelador
e joga na terra um frio
que por muito tempo guardou
o céu tremendo de frio
s'embrulha de cobertor
azul todo de anil
tecido pelo senhor
e o sol todo gripado
espirrando onde for
enrola no seu pescoço
de raios um cachecol
contra-tempo
o céu
não sei porquê
fechou cara
fez trovão
cuspiu fogo
enraivecido
mijou de pirraça
na terra
barco de papel
jornal dobrado
coração partindo
na correnteza
a letra sai
remando chuva
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