
brevemente
quando chegar setembro
e o nosso estade de espírito
se vestir de verde
um sabiá azul
trinando canções
alargará o céu
do nosso peito
quando chegar setembro
um sol gostoso
de jeitinho quente
com flores sendo
plantará em nós
todos os humanos
sabor de primavera
senso de propriedade
todo louco anda
com um saco
nas costas
espiando um azul ...
toma isso dele
e ele vira bicho
constatação
o amor é uma mata
....... misteriosa
......... matreira
ausente de clareira
... (mordendo dentro)
........... sem rumo
relendo danti
.................... no meio
do caminho .............. desta vida
.................... me vi
.................... perdido
....... escura selva escura
.................. (solitário)
....... sem sol e sem saída
em tempo de adeus
1.
do mesmo mal
eu já passei
confesso
que a dor é tanta
e anda em tudo
nos mordendo
cega
2.
afeito à perda
já não me dói
a tua lida
que a solidão
me cicatriza
as despedidas
que foram tantas
no compasso dessa vida
afeito à perda
só me deixa
a tua ida
um lembrar-te sempre
pelo resto dessa vida
e terno ser
pra com você
na despedida
cartão de visita
bom jesus
é uma saudade
(dupla)
espiando do cemitério
minha chegada
navegar me faz preciso
náufrago de amor
te espio: ......... cais
de caso arrumado
seu barco chegando
fazia tempo qu'eu não velejava
pra tanto encontro
aportar-me em ti
é prosseguir viagem
filin barroso
a mesma mão
que sangrava um boi
tinha a leveza
de empinar papagaios
displicência
a displicência de tempo
é um homem
(velho menino)
correndo atrás da vida
com meu tambor
(de plástico)
para engrossar a fileira
dos que ainda
(por incrível que pareça)
sonham...
cantiga de amigo
oh rio que corre manso
sem ter pressa de chegar
se meu amor avistar
fale com ele por mim
diga a ele que muito amo
e por ele estou assim
oh rio que corre indo
pra desaguar no mar
se meu amor encontrar
fale com ele por mim
diga a ele que muito amo
e por ele estou assim
oh rio que corre lindo
para todo se encantar
se com meu amor conversar
fale com ele por mim
diga a ele que muito amo
e por ele estou no fim
cantiga de amor
senhor minha senhor
que dor eu sinto em meu peito
triste assim e tão sem jeito
despresado e apartado
sozinho sem seu amor
e esteja onde eu for
essa dor anda comigo
senhor minha senhor
essa dor dentro da alma
já engoliu minha calma
despresado e apartado
sozinho sem seu amor
e esteja onde eu for
essa dor anda comigo
senhor minha senhor
essa dor desatinada
é ferida desdobrada
despresado e apartado
sozinho sem seu amor
e esteja onde eu for
essa dor anda comigo
motivo
a você mulher
me entrego inteiro
tão doce e livremente
que até me assusta
(e me faz contente)
este gosto de doação
ante a sua recusa
por você mulher
me abrando em tudo
(leve de palavras
transparente)
que de repende
a sua ausência
se torna referência
e se presentifica
na distância
em tempo de primavera
quando a água escorrega
macio pela montanha
e faz um friso cristalino
lá de cima bem no alto
escancarando a cara
pela janela do céu
o sol gargalha feliz
que nem menino grandão
quando as flores
das cores mais colorids
encantadas com setembro
colorem o tempo
lá do bem alto de cima
um papagaio azulado
ensaia pelo menino
e participa inteirinho
deste encanto encantado
detalhes
esse copo vazio
(sobre a mesa)
de suco de laranja
(que você não lavou)
está cheio
transbordando
de saudade de você
esses farelos
(sobre o chão)
de torradas
(que você não varreu)
estão pedindo
implorando
pra sermos ser
saudade
!ecoam passos na memória":
meu pai na bigorna
temperando bonito
minha mãe na cozinha
tangendo encanto
e eu nisso
muito e a propósito
do mesmo prato
já comi
(faz tempo)
de tempero eu sei
de C O R
......... A Ç Ã O
ruminar
não vale a pena
deixa com os bois
que eles babam
a vida é mais além
barulho de uma pétala caindo
a roseira
mordida pelo tempo
ah!
tirou
uma
pé
ta
la
no chão
e ninguém ouviu
este estrondo
(dentro do meu peito)
intensamente
te gosto
te gosto manso
bem macio
de leve
brandamente
te quero
te quero em tudo
todo seu
te querendo
toda
suspeito que
havia uma brecha
( ) no meu peito
dialeticamente
calo por enquanto o meu canto
que a espera é palavra dolorida
feito rosa murchada pelo tempo
no advento adverso desta vida
calo porque falo dessa espera
que a sequela de dúvidas se reveste
quando do canteiro que era flor
pressinto no que sinto só cipreste
e se revertido o cipreste voltar flor
deste canteiro não mais ele nutrirá
que o cripreste é flor tardia
bem mais breve do que o dia que virá
algumas considerações
. mais além mais além mais além mais além ..
................................ (e eu
................................ aqui
................................ parado
................................ aportado
................................ em minas
................................ espiando
................................ o mar)
pai e mãe
o fole do meu pai
tinha um acabamento
todo seu
e é no arremate
desse sopro
qu'eu me perco
a comida da minha mãe
tinha um gosto
todo dela
e é no tempero
desse prato
qu'eu me encontro
ver de boi
quem nunca amou
ignora o pasto
que engorda um boi
mesmo sabendo
que pra ser pra corte
seu cangote foi
sem título I
o barroco
é a bissetriz da indecisão
é deus e o diabo
comendo
(na mesma mesa)
o prato servido pelo homem
é a pedra sabão
enganando o tempo
é um cinzel doído
cravando na vida
um gosto de morte
há muito eu me proponho e tu me negas
que se de brincadeira
a intensão vestisse
seu manto desligado
e sem compromisso
como explicar mulher
teu gesto omisso
que em tudo te resvala
de ser comigo
que outra proposta
haver podia
se não fosse o seu
sempre correr do risco
quando do peito
borbulhando lindo
meus olhos te falam
muito mais que isso
propósito I
quando se ama
entre dois (elos)
se arma corrente
as datas se tornam importantes
e os corpos
mais uno(ficados)
quando se ama
entre dois (eles)
a palavra muda
entende mais
e os olhos
além de chama
contaminam
muito mais
além
propósito II
vasto vago nessa vassalagem
que ao amor eu sempre fui prestante
inteiro nessa busca incessante
desafiando a fundo esse mistério
que de cantar não me canso nessa vida
que de encanto o meu canto se reveste
e quanto mais lindo ele se tece
mais forte se faz esse meu cantar
e vou seguindo afora nessa lida
pelejando pelo gosto de cantar
porque de um homem não se rouba tudo
quando de azul ele encharcado está
essa dor
essa dor tão doída
depressa sem despedida
cravou no meu coração
............ e ainda peço perdão
essa dor desatinada
de feridas machucadas
............ e ainda peço perdão
essa dor desbaratada
mordendo feito lambada
chaga viva endiabrada
............ e ainda peço perdão
de pai pra filho
o amor
é feito o bandolim
do meu pai
em bom jesus
na casa
do mário da rumana
todas as noites
( infalivelmente )
entre amigos
ele tocava sempre
um dia (não sei porquê)
meu pai perdeu o gosto
e deixou o bandolim
mudo
(de propósito?)
numa canastra antiga
pros ratos roerem
fizeram-se dois buracos
coisas do mundo
o que acontece
em januária
o que acontece
no lua nova
não acontece
neste mundo
do céu
deus lava as mãos
na terra
o capeta adia viagem
sem título II
que seja eterno
o momento do encontro
que seja eterno
o instante dos olhos
que seja eterno
o atar das mãos
que seja eterno
o encontrar dos lábios
que seja eterno
o nu das carnes
que seja eterno
o grunhido das falas
que seja eterno
o gozo profundo
que seja eterno
essa sede de amor
para todo sempre
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