
primeiro movimento
era uma vez um papel
triste no seu estar
mais que cansado dali
de só escrito ficar
era uma vez um menino
triste no seu pensar
mais que cansado da lida
de só tentando inventar
no meio de outros papéis
papel não tinha lugar
seu sonho era mais além
além de letras cuidar
no meio de outros meninos
menino não tinha lugar
seu sonho era mais além
alé de só TV espiar
de um lado um triste papel
tristeza: menino de lá
era uma tantão de tristeza
que tristeza formou par
marchar cabe aos soldados
marchar cabe aos soldados
eu quero mais é brincar
se eles andam enfileirados
quero mais me debandar
se os clarins estão vibrando
eu quero mais é cantar
uma linda melodia
que não seja - tarará
minha pátria é mais além
nunca cabe em bandeira
minha pátria é o meu povo
essa gente brasileira
mais que tudo
mais que tudo
nessa vida importa
o ardor
vela propagada
inflada de vento
mesmo depedrada
agarrada ao mastro
dessa nave nada
mais que tudo
nessa lida implica
o amor
timão da estrada
norteando o rumo
nesse mar de nada
de quem constante busca
a coisa desejada
testemunho cristão
DeuS é
uma coisa muito
IMPORTANTE
por demais
IMPORTANTÍSSIMO
(- ser deus deve ser um saco!)
política brasileira
depois que
domingos jorge
"o velho"
cortou
a cabeça
de zumbi
o povo brasileiro
anda sem memória
vazio
o amor chegou
em meu coração
não
há espaço pra nada
essa mulher
essa mulher é linda
mais bonito inda é seu corpo
onde atraco barco
sedente carente de porto
essa mulher é divina
mais sublime inda é seu rosto
onde passeio meus olhos
e me esqueço do que sofro
essa mulher é perfeita
mais bem feito inda é seu peito
onde sacio minha sede
e me esfrego sem jeito
essa mulher é formosa
mais que tudo é o seu ventre
onde me amarro todinho
pra gula do meu contento
a estrelinha
releitura do poema de martins d'alvarez
o céu pontilhado de estrelas
parece peneira dourada
sacudindo na noite o brilho
do meu sonho encantado
as estrelas num pisca pisca
o tempo todo piscando
no céu são vaga-lumes
lumes-vaga iluminando
o meu encanto de menino
o tempo todo inventando
de estar junto com as mesmas
igual em brilho e tamanho
destino
desde menino
eu carrego comigo
essa mania de
quebrar relógios
insônia
dependurado na parede
o relógio lá de casa
tinha sempre a mania
de me acordar de madrugada
pra eu espiar o tempo
a nova canção dos tamanquinhos
o tamanco anda cansado
de só fazer troc... troc...
troc... troc... troc...
se inventou o sapato
pra dançar um fox-trot...
fox... trot... fox... troc...
pelo salão encerado da noite
tamanco não quer parar
desliza feito uma pena
foxtrotando o luar
feito criança que brinca
e que não para de sonhar
canto bonito
eu armo um canto bonito
pra alegrar toda gente
que vive de modo indigente
carente de algo na vida
eu armo um canto bonito
todo denso de intenção
todo encharcado de fé
perante a ordem do dia
eu armo um canto bonito
feito um grito retumbado
que ecoe pelos lados
desse meu pobre país
eu armo um canto bonito
anseio de meu desejo
em tudo aquilo que vejo
escoando dádiva-mão
eu armo um canto bonito
feito de punho abrandado
que este é meu canto de agrado
que este é meu canto bonito
em tempo de adeus
"por mares nunca DANTEs navegado
em seu corpo um dia me atraquei
e fiquei parado sem prosseguir viagem
por mares outros com que sempre sonhei
a vela do meu sonho se apagando
por muito tempo eu quase nem notei
me fiz triste perante o mar da vida
e nesse mar eu quase me afoguei
mas como todo marinheiro por destino
traz tatuado no peito o que não sei
estou partido agora sem rumo certo
que a vela do meu barco eu inflarei
pois a poesia é meu vento forte
e que aportado nunca mais serei
o sol amanheceu mais cedo
o sol amanheceu mais cedo
e pôs olhos na janela
com ares de apaixonado
pra espiar mais de perto
todo nu o corpo dela
e enquanto ela dormia
um vento todo assanhado
soprou bem de mansinho
tocou nela com cuidado
até mesmo os passarinhos
com desculpa de cantar
se instalaram na janela
também querendo espiar
a roseira despeitada
todinha se aprontou
passou orvalho na cara
mas ninguém ligou
que a beleza era tanta
do outro lado da janela
enquanto maria dormia
e sonhava o sonho dela
de pai pra filho
de pai pra filho
o meu canto se alastra
pela força da garganta
pelo sangue dessa raça
de pai pra filho
o meu canto é de intenção
solto a voz pelo espaço
me alargo de coração
de pai pra filho
venho de um outro tempo
da chibata me cortando
me machucando por dentro
de pai pra filho
no eito eu já pastei
mas reisti na história
muito sangue derramei
de pai pra filho
eu sou calo dessa mão
sou canto livre da raça
batuque de coração
de pai pra filho
pela história caminhando
eu traço a liberdade
do meu canto avançando
essa gula
essa gula de amor
me deixa de peito vazio
é tanta mulher pra amar
mas nenhuma me sacia
cada qual com seu mistério
naquilo que vivencio
o corpo afrontanto a alma
mas de intenção arredio
e nessa busca incessante
me invento no destino
me torno um mar ressecado
doido a espera de um rio
essa força
essa força que me move de repente
e que me atira pelo gosto de cantar
me faz indo seguindo pela vida
feito um rio procurando o mar
essa chama me queima de repente
e que me acende o desejo de amar
me faz fogueira em tudo labareda
feito um incêndio devorando o ar
esse destino de homem que transcende
e que me inpõe o desejo de pensar
me faz humano entre os humanos
porque a vida não se pode negar
lembrança antiga
esse gosto de goiaba
qu'eu carrego na garganta
me cheira a fruta roubada
de quando eu era criança
lá no quintal do vizinho
no quintal
no quintal do meu passado
de muitos anos atrás
eu revejo um menino
que nunca se satisfaz
sempre inventando coisas
com a gula de encontrar
um não sei quê perseguido
que rolava pelo ar
feito um papagaio aceso
com sede de voar
pelo céu da minha infância
que não consigo encontrar
inda perdido de vista
o que tenho
que tenho eu de meu
senão essa saudade
que nunca me abandona
que tenho eu de meu
senão essa procura
que nunca me deixa
que tenho eu de meu
senão esse nó de angústia
atrelado na garganta
que tenho eu de meu
senão esse vazio
que me enche fundo
que tenho eu de meu
senão esse menino
que nunca me deixa quieto
que tenho eu de meu
senão essa vontade
que me persegue inteiro
de tanto procurar
que de tanto procurar
um dia acabo encontrando
aquilo que por tanto ando
na ânsia de encontrar
e depois de encontrado
vou seguir outro caminho
que sempre foi meu destino
nunca ficar parado
que o encontro se prolonga
em outro novo achado
que depois de saciado
carece de nova procura
qualquer dia
qualquer dia desses
assim sem mais nem menos
um oficial de justiça
nos entrega um mandato
pra gente esvaziar
o nosso coração
e por incrível que pareça
a gente vai ter que cumprir
sinais do tempo
"uma nação que negligencia as percepções de seus
artistas entra em declínio. depois de um certo tempo,
ele cessa de agir e apenas sobrevive."
............................................................................. ezra pound
estamos só
num país cheio de propaganda
estamos de bamba
pisando
num chão sem céu
comendo pó de asfalto
estamos só
num país cheio de propaganda
sem nome e sem personalidade
como
como
brigar pelo ganho
(se tacanho)
eu me encontro
(no canto)
perdido
em algum lugar do passado
em algum lugar do passado
um menino deve estar
andando pela casa
correndo pelo quintal
trepando nas árvores
ludibriando o tempo
em algum lugar do passado
houve uma vez um menino
mulher
teu corpo é mais que um corpo
é beleza em tudo depravado
por isso dele me torno escravo
e escravizado nele me norteio
mais que tua boca os teus seios
com a ponta do bico em rosado
são montanhas onde escalo o dia
na busca insana de apaixonado
as tuas coxas me convém lindas
pra no prazer eu ser sufocado
quando me adentro em teu corpo inteiro
e me encontro no gozo sagrado
onde amarrar
onde amarrar a minha égua
se o cabresto do amor
abandonado
no porão
do passado
deixei
(eu pélo o porco é pelo pêlo)
como desarmar a minha mágoa
se o gatilho da ferida
atracado
no peito
do presente
atei
Ótimo espaço, bem interessante por aqui. Bons textos, imagens, propostas...
ResponderExcluirAbraço de arte.