
espio de longe a cidade
como quem espia o tempo
tecendo sua mémoria
se remoendo por dentro
quem chega nem percebe
(só) o coração atenta
que abre sua porta selada
enquanto o olho pressente
meu passo em tudo é cuidado
que o caminho é de dentro
coração de mariana
eu sinto batendo no peito
a esquerda desse peito
ismália sempre sonhando
da sacada da janela
as luas vai misturando
e enquanto alphonsus espia
o tempo se retratando
pra ser museu na vida
e a vida se prolongando
as mãos de aleijadinho
não são mais pra catedral
sua obra se prolonga no tempo
de uma maneira fatal
onde a vista não alcança
o coração nem mais sente
saio do curso da história
uma outra estória eu invento
e o ouvido mais enxerga
quando os sinos badalando
vou tecendo ladainhas
dos rosários sempre cantando
os homens cumprindo promessa
orações vão rezando
e fazem procissão de velas
e as torres ficam espiando
da sacada do museu
vejo ismália enlouquecendo
sua alma indo pro céu
seu corpo no mar descendo
a vida continua
além do tempo tecido
que a poesia transcende
além do passado perdido
os anjos de aleijadinho
são cinzéis do seu invento
da mão se prolongando
além da linha do tempo
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